terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O Guia

Tenho acordado um pouco atrasado quase todos os dias, tem se tornado difícil para minha pessoa acordar cedo e chegar no mínimo dez minutos antes  das seis da manhã no ponto de ônibus  e quando isto não acontece acabo por ter que optar pelo metrô. Pego um ônibus e solto no bairro de Coelho Neto e é lá que acontecem as coisas ou ao menos uma das quais eu percebi... Toda manhã vejo um rapaz com o mesmo tênis surrado uma calça jeans e uma blusa um pouco mal lavada (risos). Brincadeiras á parte, estava limpa apesar de velha !Parado próximo as grades que fazem parte de um muro de um supermercado, ele sempre fica ali parado com olhar atento, parecendo um detetive. Parece sempre estar atenção em qualquer coisa que possa acontecer ao seu redor, seu olhar sério... Desculpa interromper gente! Esta narrativa apesar de parecer estar meio aboiolada, não significa que eu seja gay, ok ? Voltando ... Então, ás vezes sumia do nada e quando eu menos esperava, ele aparecia e isso em coisa de segundos, era só o tempo que eu levava para atravessar a rua. Algumas vezes eu já não mais o via no mesmo local, acabava por vê-lo guiando um cego ou ajudando um cadeirante a embarcar no metrô. Putz, pensei: O cara fica no ponto, esperando alguém que ele possa ou não conhecer e o ajuda... Ele deve ter seu horário de trabalho, mas como há um número considerável no metrô de pessoas com necessidades especiais, ele se dedica, nesse pouco espaço de tempo a ajudá-las e acho que ás vezes deve até chegar atrasado no trabalho e eu achei isso surpreendente, é difícil encontrar pessoas assim, eu mesmo não o faria. Nós seres humanos reclamamos que não temos tempo pra nada, só vivemos correndo para lá e para cá! Este cara seria então a minha inspiração. Tanto que um dia, o avistei á poucos metros a minha frente, então apertei o passo e caminhei bem próximo a ele e reparei que ele conversava com um senhor que era cego. O rapaz parecia inteligente e educado, achei bem legal e ao se aproximarem da roleta, se aproximou um guarda o qual liberou a lateral do sistema de roletas pois, os deficientes tem direito a gratuidade e consecutivamente quem os acompanha. Desceram e foram para a plataforma, entraram no vagão do metrô e o senhor cego sentou-se e o rapaz ficou próximo a porta. E eu pensando: Que exemplo de solidariedade! Até que no dia seguinte, novamente atrasado, obrigando-me a ir de metrô novamente, até que não me importei tanto desta vez que sei que iria ver mais uma vez nosso amigo em ação e dito e feito, chegando ao ponto já estava ele a caminhar ao lado de uma senhora cadeirante. Subiram a passarela entraram no metrô e ele deixou dentro do vagão... Mais tarde, com o vagão menos lotado, me aproximei e falei que achava muito legal da parte dele a dedicação que ele tinha em ao menos uma vez por dia, guiar um deficiente até seu caminho de destino que seria o embarque no metrô. Ele um pouco sorridente me disse: Obrigado brother, mas só faço isso porque assim eu não pago passagem e aí consigo juntar grana para fazer um lanche ou pegar um cinema e em seguida ele desceu e eu fiquei pensando: Que filho da mãe, querendo se dar bem ás custas dos outros, eu jamais faria isso!Mesmo que precisasse, isso é um absurdo, ele merecia uma surra. Conclusão,duas semanas depois disto, eu resolvo ir de metrô, sempre volto para casa de ônibus, mas neste dia saí tarde do trabalho e o trânsito estava péssimo, chegando próximo a roleta, lembrei que eu só tinha grana para pagar um ônibus de dois reais e quarenta centavos e ainda precisaria de mais dois e setenta para pagar o metrô. Imaginem o que eu fiz ??? 

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